A americana Global Geophysical planeja aportar mais de US$ 5 milhões para fincar raízes no Brasil. Recém-chegada ao país para executar um dos maiores contratos de sísmica terrestre 2D já assinados aqui – 6 mil km, com opção para mais 3 mil km, na Bacia do São Francisco, para a Petra Energia –, a companhia aplicará boa parte desses recursos em um centro de processamento equipado para atuar no especializado nicho de caracterização de reservatório.
Com ele, a empresa, especializada em sísmica onshore e em águas rasas, quer abrir uma porta para a promissora demanda do pré-sal. O centro começa a operar neste mês e é resultado de uma parceria com a brasileira Geonunes.
Através da parceria com a Geonunes, a Global oferecerá opções de processamento, como o processamento vetorial, que melhora o estudo de reservatórios fraturados, muito usados para posicionar poços horizontais. A ferramenta pode ser um diferencial para o desenvolvimento dos carbonatos do Pré-Sal e a exploração de novas descobertas na Bacia de Campos.
Com um investimento aproximado de US$ 2 milhões, o centro de processamento será o segundo da companhia na América do Sul, depois da unidade da Colômbia. Os US$ 4,3 milhões restantes do investimento inicial serão aplicados no escritório da Global e na montagem das equipes sísmicas de campo.
Caminhões vibradores
No São Francisco, a Global vai usar caminhões vibradores, outro diferencial da empresa, que detém a maior frota mundial desses veículos, com mais de 90 unidades. A tecnologia – utilizada pela última vez no Brasil entre 2000 e 2001 pela Veritas (atual CGG Veritas) na Bacia de Tucano, na Bahia – reduz custos, já que não envolve a mobilização de sondas, usadas na colocação dos explosivos.
A logística é outro ponto a favor dos caminhões. Como a área é relativamente plana e descampada, o deslocamento das equipes é mais rápido do que seria com sondas. Além disso, o contingente é menor. Enquanto uma campanha com explosivos pode mobilizar 500 pessoas, a previsão é usar de 150 a 200.
A Global conta no momento com cinco equipes e cerca de 150 pessoas, quase todas brasileiras. Os poucos estrangeiros são técnicos especializados nos caminhões que vão ensinar a operação, além de outras tecnologias de topografia e processamento de campo.
O Gerente da Global Geophysical no Brasil, George Yapuncich, reforça que os veículos permitem adquirir dados de melhor qualidade. “O vibrador permite a controle das freqüências sísmicas emitidas para prospecção dos dados. Nos explosivos não existe este controle”, explica.
Onshore sustentável
A Global espera que o mercado de sísmica onshore no Brasil movimente cerca de US$ 350 milhões anuais. Além da Petrobras, a HRT (Solimões) e a OGX (Parnaíba) estão entre as empresas que deverão incrementar o cenário de investimentos no setor nos próximos anos, além dos trabalhos encomendados pela ANP para sísmica de fomento.
Segundo o diretor da GeoNunes, Marcos Gallotti, o cenário para o investimento da Global no mercado onshore brasileiro é sustentável ao longo do tempo. “Acredito que as operadoras vão além dos compromissos exploratórios mínimos dos contratos de concessão, demandando serviços adicionais como sísmica 3D para estudo de reservatório para otimizar o investimento na perfuração de poços, que tem um custo relativamente alto”, avalia.
A América Latina representa cerca de 20% do faturamento da Global Geophysical no mundo, da ordem de US$ 350 milhões. México, Argentina, Chile e Peru são outros países do continente nos quais a empresa opera.
Revista Brasil Energia