DRM-RJ atua na Região Serrana
O Serviço Geológico do Estado do Rio de Janeiro (DRM-RJ), vinculado ao Governo do Estado teve forte atuação no atendimento dos desastres naturais que assolaram a Região Serrana fluminense.
O DRM-RJ produziu 128 laudos sobre as condições geológicas dos municípios de Nova Friburgo e Teresópolis, com o objetivo de identificar as áreas de risco iminente a escorregamentos, em apoio às defesas civis municipais. O trabalho foi realizado por solicitação das prefeituras e da Secretaria de Estado de Obras, a partir de sobrevoos ocorridos entre os dias 13 e 25 de janeiro e constitui-se em importante elemento para avaliar a necessidade de reassentamento nessas localidades atingidas pelas fortes chuvas ocorridas no início de janeiro.
Desde 13 de janeiro, por orientação de governo, o DRM-RJ instalou duas bases emergenciais, nos municípios de Nova Friburgo e de Teresópolis, com o objetivo de dar mais mobilidade e agilidade às suas equipes formadas por geólogos, engenheiros geotécnicos e geógrafos, que apoiam os órgãos de defesa civil estadual e dos municípios assolados pelas chuvas.
O trabalho consistiu na identificação das áreas com risco iminente, a partir de sobrevoo das áreas afetadas, produzindo relatórios fotográficos com a delimitação, de forma emergencial, das áreas de risco remanescentes associados aos escorregamentos e recomendação de providências para interdição e desocupação imediata dos imóveis. Para o sobrevoo o DRM-RJ contou com o apoio da Petrobras, que cedeu uma aeronave para este serviço, uma vez que as aeronaves do estado estavam todas dedicadas ao resgate de pessoas.
Reforço de parceiros
As equipes do DRM-RJ foram reforçadas por especialistas da Associação Brasileira de Geologia de Engenharia Ambiental (ABGE) e de diversas universidades, entre elas PUC-Rio, UERJ e UFRJ, além do Centro de Apoio Científico em Desastres - CENACID, vinculado à UFPR e a Escola Politécnica da UFBA.
Por iniciativa da Secretaria Nacional de Defesa Civil, uma equipe de especialistas do Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo (IPT), chegou a Nova Friburgo para atuar em conjunto com o DRM-RJ.
O Ministério de Minas e Energia, através da CPRM - Serviço Geológico do Brasil - colocou à disposição do estado uma equipe de onze geólogos especialistas, que também atuarão, coordenados pelo Serviço Geológico Estadual, no atendimento à emergência e nos desdobramentos que virão, com foco no mapeamento das áreas de risco.
O objetivo é ampliar a área de ação, estabelecendo também uma base para atender Petrópolis e, a partir destas bases que funcionam ininterruptamente, será possível atender também os municípios de Bom Jardim, Sumidouro, São José do Vale do Rio Preto e Areal, com a equipe ampliada. Inicialmente, o trabalho deverá ser mantido por dois meses, podendo ser estendido na medida que as necessidades sejam melhor dimensionadas.
Mapeamento de áreas de risco
Desde maio de 2010, o Serviço Geológico iniciou programa de mapeamento, em cooperação com a Secretaria do Ambiente e INEA, utilizando recursos do FECAM, de outras 30 cidades do estado que não dispunham de mapeamento de suas áreas de risco a deslizamentos. O resultado dos primeiros oito municípios já está em fase final de processamento, enquanto outros oito já estão com resultados preliminares e dez estão na fase inicial, com a realização de oficinas nos municípios para levantamento das áreas de risco junto às defesas civis municipais.
Após a tragédia foi verificado um grande aumento de interesse nas oficinas realizadas na duas ultimas semanas, em Paty do Alferes, Vassouras, Barra do Piraí, Barra Mansa e Mendes, mostrando que os municípios estão muito mais preocupados com as suas áreas de risco.
Enquanto atende aos municípios da região serrana na emergência, o Serviço Geológico acelera o programa de mapeamento de prevenção do terceiro bloco de municípios, com a realização de oficinas em Itatiaia (31/1); Resende (1/2); Miguel Pereira (3/2) e Paracambi (4/2), faltando definir Paulo de Frontin. Estas oficinas são abertas à comunidade e interessados.
ABGE divulga nota
A Associação Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental - ABGE divulgou nota assinada por seu presidente, sobre os desastres na Região Serrana, onde esteve a convite do DRM-RJ:
"Prezados sócios e colaboradores da ABGE.
Segue em anexo carta do Serviço Geológico do Rio de Janeiro, a respeito da tragédia ocorrida na região serrana e os trabalhos em desenvolvimento. Estou em Nova Friburgo há 3 dias, de onde escrevo esta carta.
O DRM - Serviço Geológico está fazendo um grande trabalho, cadastrando áreas afetadas e zonas que poderão sofrer com eventuais novos episódios de chuvas intensas. Os mapas exeditos de risco são enviados diariamente à Defesa Civil, e usados imediatamente para remover moradores, isolar áreas e liberar evevtualmente locais como hospitais e prédios públicos.
A ABGE já se colocou à disposição para cadastrar e enviar voluntários para auxiliar onde o DRM-RJ achar mais importante.
A situação é trágica. Ocorreram corridas de blocos e de lama em dezenas de drenagens, formando pequenos barramentos formados por blocos de rocha, árvores e solo transportados. A água acumulou e rompeu estes diques, ganhando força e alagando diversos locais. Inúmeras moradias que ocupavam as margens dos rios foram atingidas.
Em reunião com o vice governador do RJ e sua equipe, propusemos a retirada em definitivo destas moradias que ocupam os fundos dos vales, sendo então implantados enormes parques lineares, florestados e com estruturas de lazer. Moradias populares seriam construídas aos milhares, em edifícios baixos, em terrenos seguros. O governo local concorda e deverá seguir esta linha.
Frente à situação de completa destruição local e regional, é impressionante o que já foi limpo e recuperado. A vida retoma aos poucos. Porém a urbanização da região serrana terá que ser repensada. São evidentes os sinais de talus e antigos e indícios evidentes de que corridas generalizadas já ocorreram nesta região, muito frágil. O problema maior, é que a mesma morfologia e condições de solo e clima ocorrem em diversas regiões serranas do país.
A ABGE vem alertando sobre estas questões há 40 anos. No nosso site temos mais de 600 cartas geotécnicas e de risco. Estamos prontos para auxiliar e dispostos a participar das tomadas de decisões junto com o governo federal, estadual e municipal".
Fernando Kertzman.
www.abge.com.br.