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Sísmica de Norte a Sul
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- Criado em 09/05/2014
Os tempos de escassez de novos mapeamentos sísmicos no Brasil vão acabar em 2014, pelo menos para a francesa CGG. A companhia acertou contratos multiclientes para coletar 30 mil km2 de dados sísmicos 3D nas bacias da Foz do Amazonas, Barreirinhas e Espírito Santo, o que a manterá ocupada por todo este ano e em uma parte de 2015.
Serão coletados 13,5 mil km2 em Barreirinhas, 11 mil km2 na Foz do Amazonas – campanha que já se encontra em execução – e 9,5 mil km2 no Espírito Santo. Nas três campanhas a empresa vai utilizar a tecnologia broad seis, de banda larga e um total de 12 cabos. Os mapeamentos cobrirão praticamente toda a área offshore concedida na 11ª rodada da ANP, realizada em maio de 2013, nessas três bacias, num total de 24 blocos exploratórios, comparados com as 34 áreas arrematadas nessas áreas e os 49 blocos marítimos vendidos nesse leilão.
Para mapear os 30 mil km2, a CGG utilizará pelo menos dois navios sísmicos: o Oceanic Endeavour e o Oceanic Champion. Dependendo do ritmo dos trabalhos e, principalmente, do andamento dos processos de licenciamento ambiental, a campanha poderá demandar um terceiro barco sísmico, para atuar em Barreirinhas.
O volume de trabalho assegurado pela prestadora de serviços com essas contratações é realmente expressivo. Nos últimos anos, quando a atividade passou por forte retração no Brasil, em função da falta de leilões exploratórios, realizar campanhas de 10 mil km2 por ano era sinal de sorte para as companhias de sísmica.
Os trabalhos começaram em janeiro, na Foz do Amazonas, campanha que vem sendo executada pelo Oceanic Endeavour, em parceria com a empresa de sísmica Spectrum. O mapeamento está sendo feito prioritariamente para a Total, operadora de cinco blocos na região. Parte das informações coletadas na Foz serão comercializadas também para a Queiroz Galvão, operadora do FZA-M-90, e a BP, que opera o FZA-M-59.
A coleta de dados na região vai se estender até outubro ou novembro. O processamento dos dados será executado em duas fases. A primeira, chamada fast track, estará disponível entre 60 e 90 dias, mas os dados finais só estarão totalmente reprocessados após um ano e meio.
Em paralelo à campanha na região Norte, a CGG realiza uma coleta de extensão multicliente para a Petrobras na Bacia de Campos. As informações estão sendo coletadas pelo Oceanic Champion, em blocos arrematados em outras rodadas.
Próximas coletas
Finalizado o trabalho em Campos, o Oceanic Champion começará a atuar no Espírito Santo. Contratado por Statoil e Petrobras, o levantamento cobrirá seis blocos de águas profundas , totalizando uma área de 9,5 mil km2.
Esse mapeamento irá se estender até 2015. De acordo com o cronograma de trabalho da CGG, a coleta dos dados deverá consumir de oito a dez meses de trabalho.
Já o mapeamento em Barreirinhas – que responde por quase metade das três campanhas – deve ter início no último trimestre de 2014. A campanha atenderá a BG, operadora de dez blocos na região, e provavelmente também a Ouro Preto, petroleira brasileira que mantém um bloco na bacia, o BAR-M-387, e está em vias de concluir sua negociação com a CGG.
A maior parte do trabalho em Barreirinhas será em águas profundas, mas também cobrirá uma região de transição, em águas rasas, voltada sobretudo ao bloco da Ouro Preto. O plano atual do grupo francês é utilizar o Oceanic Endeavour nesse mapeamento, desde que a licença ambiental seja liberada no último trimestre, quando a embarcação estará terminando as atividades na Foz do Amazonas.
Caso os cronogramas da Foz e de Barreirinhas coincidam, a CGG deverá trazer um novo barco para o Brasil. Dessa forma, o Oceanic Endeavour seria remanejado para campanhas no exterior.
O maior obstáculo em mapeamentos na Foz e em Barreirinhas são as fortes correntezas existentes nas duas regiões, que muitas vezes fazem o tempo de coleta aumentar e podem acabar comprometendo a qualidade dos dados. "Correntes criam dificuldade de posicionamento dos cabos e geofones. Para minimizar os efeitos das correntezas nessas regiões, precisamos ter uma velocidade menor do barco, o que gera risco de deslocamento dos cabos", esclarece Luiz Braga, executivo da CGG.