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Ribeirão Preto desperdiça uma Araraquara por dia
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- Criado em 08/10/2013
A água desperdiçada em Ribeirão Preto por problemas na rede daria para encher 27 piscinas olímpicas (com 2,5 milhões de litros cada) por dia. O volume poderia abastecer quase toda a cidade de Araraquara ou outros cinco municípios: Batatais, Cravinhos, Jardinópolis, Serrana e Sertãozinho.
De acordo com levantamento do Instituto Trata Brasil, divulgado no início da semana, um terço da água captada do Aquífero Guarani some ao passar pela rede. Se for considerada a perda financeira, o município deixa de arrecadar 42%.
O Daerp (Departamento de Água de Ribeirão Preto) informou que são captados 201 milhões de litros de água por dia nos 110 poços da cidade. Pelo levantamento do Trata Brasil, que utiliza informações no Ministério das Cidades, 33,33% desse total (67 milhões de litros) se perdem.
O presidente do Instituto Trata Brasil, Edison Carlos, afirma que o desperdício, no caso de Ribeirão Preto, é mais preocupante, porque a água utilizada no município vem 100% do Aquífero Guarani, maior reserva de água potável do mundo. "É um cenário que precisa ser mudado", disse.
O Trata Brasil, Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) que atua na área do saneamento básico, considera 15% como o percentual ideal nas perdas de água – tanto em volume como no financeiro. Limeira, a 170 km de Ribeirão Preto, é referência com 14,8% de perdas na distribuição e 11,7% na parte financeira.
Saneamento
Apesar de os números do desperdício de água não serem os melhores, no saneamento a situação é melhor. Na última terça-feira, o Trata Brasil divulgou um levantamento que coloca Ribeirão Preto como a nona melhor cidade do Brasil.
Apesar da classificação satisfatória – são 100 cidade no total e no ranking do ano passado Ribeirão era a 13ª – o estudo apontou dois problemas: o desperdício alto e investimento baixo. Esse ranking é atualizado anualmente, levando em conta os números de dois anos antes – a classificação de 2013 utiliza dados de 2011.
Financeira
De acordo com o Trata Brasil, as perdas financeiras do Daerp são ainda maiores (41,9%). O estudo aponta que a autarquia faturou R$ 190 milhões em 2011. Sem as perdas, porém, o valor poderia saltar para R$ 327 milhões.
Além da água perdida em vazamentos, o levantamento inclui ligações de água clandestinas.
Gaema tem inquérito sobre o caso
O Grupo Especial de Defesa do Meio Ambiente (Gaema) tem um inquérito aberto desde 2009 para apurar o desperdício de água em Ribeirão Preto. Na época, a quantidade que se perdia em problemas na captação e distribuição era de 64%.
De acordo com o promotor Cláudio José Baptista Morelli, o Daerp informou que o desperdício atual é de 32,8%. "Estamos abastecendo o inquérito mensalmente com novas informações. Essa semana fiz uma solicitação ao IPT [Institutos de Pesquisas Tecnológicas] para saber se é possível fazer a aferição dos dados passados pelo Daerp e estou aguardando a resposta", explicou o promotor.
"Tratamos de todos os municípios da Bacia do Rio Pardo, mas a população de Ribeirão é grande e por isso é preciso reduzir ao máximo o desperdício", explicou o promotor do Gaema.
Reserva de água que passa por quatro países
O Aquífero Guarani é a maior reserva natural de água potável do planeta Terra. Ele está localizado na região Centro-leste da América do Sul, em uma área de 1,2 milhões de km².
A reserva se estende por quatro países: Brasil (840 mil km²), Paraguai (58 mil km²), Uruguai (58 km²) e Argentina (256 km²). No Brasil, ele abrange os estados de Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Segundo geólogos, o aquífero é formado por derrames de basalto ocorridos nos Períodos Triássico, Jurássico e Cretáceo Inferior (há 200 milhões de anos). Considerando uma espessura média de 250 metros, estima-se que as reservas acumuladas pelo aquífero sejam de 45 mil km³.
Rio Pardo
Segundo estudo do ano passado da Agência Nacional da Água (ANA), Ribeirão Preto precisa adotar um novo manancial até 2015. A Agência indica que o caminho é utilizar o rio Pardo e construir um centro para captar 1.970 litros por segundo.
Pressão seria a culpada por vazamentos
O superintendente interino do Daerp, Marco Antonio dos Santos, disse que dois problemas ocasionam as perdas de água. O primeiro é a pressão com que a água atinge a rede, e o segundo é a idade da tubulação. "A força da água acaba rompendo a rede, ocasionando os vazamentos", explicou.
Segundo o diretor técnico do Daerp de Ribeirão Preto, Ivo Colichio, a autarquia está investindo pesado para solucionar o problema. Entre 2009 e 2012, foram investido R$ 17,6 milhões.
Através do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), o investimento é de R$ 60 milhões entre 2013 e 2016. São R$ 21 milhões do PAC I, já em execução, e mais R$ 39 milhões do PAC II, com contrato assinado. O Daerp ainda tem em análise para o PAC III, o pedido de R$ 50 milhões.
Jornal A Cidade - 05/10/2013 - Marcelo Fontes