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Exploração não convencional começará pelas bacias maduras
- Detalhes
- Petróleo
- Criado em 14/11/2013
O Brasil tem muita possibilidade de encontrar gás em áreas terrestres e por haver muitos poços já perfurados, o gás não convencional deve acontecer primeiramente nas bacias maduras do Recôncavo Baiano e de Sergipe-Alagoas. A afirmação é da diretora-geral da ANP, Magda Chambriard, na palestra de abertura do workshop Recursos não Convencionais, promovido pela Associação Brasileira de Geólogos de Petróleo (ABGP).
Na ocasião, Magda mencionou a consulta pública que está disponível na página da ANP sobre a minuta de resolução que estabelece os critérios para a perfuração de poços, seguida do emprego de fraturamento hidráulico não convencional no Brasil.
"Fizemos um contrato que é parecido com o anterior e chamamos de contrato em "Y". Se o projeto for para gás convencional, o contrato vai seguir do jeito que já era. Caso haja uma possibilidade de projeto não convencional, aparece essa perna nova do "Y" que começa por uma fase de exploração estendida, porque esse desenvolvimento precisa de mais tempo", explicou a diretora-geral.
Outro aspecto abordado por Magda em sua palestra foi a obrigação da operadora de perfurar o poço até a rocha geradora e coletar testemunhos (amostras de rocha) para fazer "uma dúzia de análises de laboratório, incluindo refletância de vitrineta, integridade, pressão e porosidade da rocha, com vistas a ajudar o governo brasileiro a ter dados e informações que vão viabilizar no futuro ter um projeto não convencional".
As palestras prosseguiram com Bob Fryklund (IHS) dando um panorama mundial do setor. Egberto Pereira (UERJ) e Renê Rodrigues (UERJ) falaram das condicionantes geológicas de acumulações não convencionais em bacias brasileiras. Por sua vez, Dan Moos (Baker Hughes) abordou o tema da geomecânica e Emanuel Simon (IHS) avaliou a rota GTW (gas-to-wire).
Pedro Victor Zalán (ZAG Consultoria) apontou por onde deve começar a exploração dos recursos não convencionais no Brasil. Ahmed Ouenes (Sigma3) discorreu sobre a modelagem contínua de fraturas. O caso da exploração não convencional na Austrália foi apresentado por Andrew Krassey e Nick Overkov, da Beach Energy. O potencial da Argentina foi apresentado por Luiz Antônio Trindade (Pesa) e a aplicação de tecnologia para aumentar a recuperação nos recursos não convencionais (também na Argentina) ficou à cargo de Richard Brown (Schlumberger).
Sweet spots
A presidente da ABGP, Silvia dos Anjos (Petrobras), disse que o evento superou as expectativas da organização. "Conseguimos ter palestras sensacionais que nos trouxeram mais para a realidade dos não convencionais. Foram apresentados dados muito realistas, mostrando problemas de poços secos, as dificuldades existentes, histórico de outros países, dos prêmios, etc" comentou Silvia, acrescentando: "Vamos selecionar os sweet spots e entrar nesse ramo, se entrarmos, de uma forma mais científica e mais tecnologicamente avançada. E esse evento nos deu essa visão."
O geólogo Pedro Zalán (ex-Petrobras) considerou as palestras excelentes: "Aprendi muito e vi que cada projeto tem que se adaptar às particularidades locais. A tecnologia desenvolvida nos EUA não pode ser aplicada universalmente. Cada folhelho, cada bacia, cada país tem suas peculiaridades próprias e a produção de recursos não convencionais vai variar de bacia para bacia," explicou. "A exploração deve começar pelas bacias mesozoicas marginais, que estão em estágio de maturação da exploração convencional tão grande que pouco resta a não ser partir para o não convencional. As bacias do Recôncavo, Potiguar e Sergipe-Alagoas já tem muito mais de mil poços perfurados, muitas linhas sísmicas adquiridas, históricos de produção, uma rede de gasodutos e oleodutos em cima, tem mercado consumidor por perto. Operacionalmente é muito mais fácil começar por lá," salientou.
A apresentação de caso sobre a Argentina foi elogiada pelo geólogo (ex-Petrobras) Paulo Araripe. "Estão lidando com problemas logísticos enormes. É uma operação cara, envolvendo muitos caminhões, equipamentos de bombeio, uso intensivo de água e produtos químicos em áreas isoladas, mas eles estão fazendo e ganhando experiência. Toda revolução é assim. Começa gastando muito, investindo, tentando várias vezes. O poço hoje nos EUA está bem mais barato do que há dez anos quando esse boom começou por lá", avaliou.
Agência Nacional de Águas
O gerente de Águas Subterrâneas da Agência Nacional de Águas (ANA), geólogo Fernando Roberto de Oliveira, participou como ouvinte e disse que o evento gerou conhecimentos básicos sobre um tema ainda recente no Brasil onde não há experiência nem conhecimentos suficientes. "Institucionalmente a ANA não tem competência regulatória na área de petróleo, atividade exercida pela ANP, nem na parte ambiental, de responsabilidade dos órgãos estaduais e do Ibama. O importante, porém, é o grau de segurança em relação aos aquíferos. Queremos conhecer um pouco mais da mecânica do fraturamento hidráulico e das possibilidades de propagação dessas fraturas para evitar a contaminação de aquíferos. Isso é um ponto relevante que precisamos esclarecer mais", comentou, acrescentando ainda a importância da questão do uso intensivo de água e a necessidade de um tratamento, descarte ou reutilização da água adequadamente.