Francisco Doria é autor, com Greg Chaitin e Newton da Costa, do livro "Gödel's Way", (Taylor & Francis 2012), onde explica a história "divertida" de Kurt Gödel, matemático vienense, "notório por seu brilho, suas conversas nos cafés, e porque nos seminários aos quais comparecia sempre havia uma moça bonitinha atrás dele, e acabou casando com uma que conheceu num cabaré". Em 1931, anunciou um resultado "tão obscuro e complicado, que dizia de uma espécie de impossibilidade de se esgotar as verdades matemáticas, o teorema da incompletude de Gödel''.
Entre as técnicas usadas para demonstrar seu resultado estão algoritmos - como os que fazem funcionar smartphones e computadores. "Mistura de abstrato e concreto que só a matemática possui", define Doria.
Para ele, "vivemos num mundo imerso em uma matemática, pesada, obscura, difícil - e mal o percebemos. E muito menos no Brasil, onde tem gente que ainda acha que computador é maquininha de jogar games".
O filósofo Francisco Doria não tem dúvidas: "Talento e habilidade matemáticas são essenciais para se fazer capitalismo, para o crescimento econômico - e disso o Brasil tem muito pouco". Ainda estamos, diz ele, "à margem do que movimenta, empurra, o mundo contemporâneo".
Texto publicado no blog do jornalista Merval Pereira/ Jornal da Ciência - 16/03/2012